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Somos Vitimas ou Criadores?

Victim
“Eu sou assim, sempre muito ansioso e nunca vou mudar. Nasci assim”.
Nós não somos vítimas dos nossos neurónios ou genes. Somos poderosos criadores do nosso estado mental. A ideia errada de que nascemos assim, impede a mudança, e faz com que afastemos a nossa responsabilidade. Espalhar o conhecimento sobre a habilidade que o nosso cérebro tem para mudar, pode alterar a forma como lidamos com o que os outros têm de diferente: cultura, emoções, atitudes e valores.
 
O nosso cérebro:

Aprendemos coisas através da formação de conexões neurais em resposta às associações nas nossas experiências quotidianas. Quando aprendemos a conduzir, experienciamos a ligação entre uma luz vermelha no semáforo e o pé no travão. Formamos um caminho neural para esta associação.
Cada vez que paramos num sinal vermelho reforçamos e fortalecemos o caminho neural. Como diz o velho ditado: “ Neurónios que disparam juntos, ficam juntos”. Quanto mais praticamos, mais reforçamos o caminho e mais fácil é a aquisição de diferentes habilidades. A nossa resposta comportamental torna-se automática.
O nosso cérebro também pode podar antigos caminhos neurais em relação a associações que ocorrem com menos frequência ou não existentes.
Por exemplo quando mudamos de casa, aprendemos o novo caminho e paramos de fazer o anterior, porque deixamos de  o fazer. Ainda assim nos primeiros tempos damos por nós a fazer o caminho antigo, porque o caminho automático tomou as rédeas neurais. Por sorte podemos praticar o novo caminho e fortalecer este caminho neural, à medida que enfraquecemos o outro.

À semelhança das habilidades físicas, como conduzir, o cérebro tem também a capacidade de formar caminhos neurais no que diz respeito a aprendizagem e prática de habilidades emocionais.

Enquanto os nossos genes influenciam o nosso temperamento, pesquisas demonstraram que o ambiente e a nossa mente podem alterar o nosso cérebro e as nossas respostas emocionais. Isto significa que emoções que nós mais procuramos na nossa vida e no nosso mundo como a felicidade, paciência, tolerância, compaixão e gentileza podem ser praticadas e aprendidas como habilidades. Outras emoções como stress, medo, fúria podem ser “ atenuadas”.

Quando conduzimos, existe a associação trânsito e fúria. Quando ficamos presos no trânsito, a resposta automática pode ser fúria e frustração. Mas, aos sentirmo-nos furiosos, cada vez que estamos no meio do trânsito, estamos a fortalecer o nosso caminho neural e a cimentar a reposta emocional. Se não podemos fazer nada nesses momentos, não seria melhor pensar em emoções mais positivas? É uma questão de querer, de apostar numa atitude diferente perante os estímulos com que somos brindados. É possível relacionar o trânsito com tranquilidade e bem-estar.

No início pode ser difícil porque queremos que o caminho neural muito desenvolvido caminhe no sentido da fúria. Se direccionarmos a nossa resposta pacífica, o novo caminho neural fica mais forte.

 
Uma questão de escolha:

Se sabemos de antemão que os nossos cérebros a podem mudar, então surge a pergunta, o que queremos nos nossos cérebros?
O que queremos no nosso mundo? A maioria escolhe o bem-estar, a felicidade, o amor, a compaixão.

É uma questão de escolha e depois, uma questão de prática.

Reflexões de gratidão, compaixão e meditação são algumas dasestratégias encontradas para promover o bem-estar e aumentar o comportamento pró-social.
Muitos estudos provaram o impacto positivo das revistas de bem-estar e gratidão. Quem consegue fazer uma lista de gratidão, reporta níveis interessantes de emoções positivas, incluindo estar mais atento, determinado, enérgico, entusiasmado, excitado, interessado, alegre e  forte.
São também estas pessoas que mais facilmente conseguem oferecer suporte emocional e ajudar a resolver problemas.

Um estudo recente ofereceu 8 semanas de formação em meditação secular a um grupo de professoras, com o objectivo de melhorar níveis de stress e gestão de conflitos.

Esta intervenção reduziu significativamente a congeminação, depressão, ansiedade e aumentou a atenção, a empatia, a compaixão e estabilizou a hostilidade e o desprezo.
Sabemos então que o nosso cérebro pode mudar em função do ambiente e dos nossos comportamentos.
E se começarmos a optar por responder aos estímulos com cooperação, amor e perdão? E se ensinarmos as crianças desde logo na primária a treinar as suas capacidades para responderem de forma positiva, guiando as suas emoções?

O nosso mundo pode descobrir um novo mapa de estradas.
Cada um de nós é responsável pelos caminhos que trilha.
Quantos caminhos de terra se transformaram em auto-estradas?

 

 

Cristina Madeira
Certified Executive and Team Coach by