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A cenoura em vias de extinção…

Já em 2017 Daniel Pink nos alertava para os defeitos mortais do modelo de motivação: “Carrot & Stick” e nos dizia que o modelo Motivação 3.0 seria construído com 3 pilares inevitáveis: propósito, autonomia e mestria.

Chegou o tempo em que a Motivação 2.0 baseada em recompensa e punição terminou. No panorama atual os modelos de recompensa de sempre estão ultrapassados, e a punição, baseada em métricas de empenho, surge com uma prática que coloca em causa a moralidade e ética humana, numa conjuntura onde foi retirada a liberdade das relações quer em família, na escola e no trabalho.

A gestão de carreiras unicamente alicerçada nos drivers motivacionais extrínsecos expirou também pela relação colaborador-empresa encurtada e marcada por eventos circunstanciais onde existem picos de trabalho. A impermanência da procura e oferta dita a imprevisibilidade do tempo de estadia do colaborador na organização.

 A pergunta “O que queres ser daqui a ____ anos?” é hoje é substituída por: “Quais são os teus dons e habilidades especiais? “; “O que te apaixona?”

O propósito é acelerado pela inevitável falta de capacidade para prever o futuro. É fundamental estar intrinsecamente motivado para “fazer a diferença”. O concentrar-se na jornada e não no destino, criar o contexto da autonomia de escolha que deve honrar sempre, a interdependência relacional.

Uma autonomia interdependente que eleva a consciência individual e permite o estado da mestria ou sabedoria. Melhorar o que realmente importa, apostar na satisfação da realização e progresso pessoal. Um estado onde a meta é auto-realizável e o desenvolvimento das soft skills são a própria recompensa.

Porque é que é difícil abdicar da cenoura?

Porque no DNA temos o um pensamento linear, um hábito de muitos anos de trabalho algorítmico, onde as tarefas são baseadas num conjunto de instruções que levam a uma única conclusão. A direção e definição de bom desempenho são bem definidas antes da execução. Este princípio de “design” que Carol Dweck catalogou de “fixed mindset”, torna difícil o desapego ao sistema de “command, predict & control” que começa na família, continua na escola e eterniza-se nas empresas.

Na era do conhecimento, emerge agora o trabalho heurístico onde não existem instruções ou caminhos definidos para a conclusão.  Para ser criativo e experimentar diferentes possibilidades, o “growth mindset” é muito mais do que uma competência, pode definir a SOBREvivência. O controlo passa a estar nas mãos de cada um e não em sistemas de computador, testes ou especialistas.

Uma forma de vivência que ilumina o novo paradigma da (auto)motivação, pelo foco nas metas de aprendizagem e na contribuição para o bem comum.

Sobre o carácter, citando Alfred Adler: “É o indivíduo que não está interessado no seu semelhante quem tem as maiores dificuldades na vida e causa os maiores males aos outros. É entre tais indivíduos que se verificam todos os fracassos humanos.“

Cristina Madeira, ICF Certified Executive & Team Coach, EMCC Certified Senior Mentor, University Faculty